sábado, 27 de novembro de 2010

Balanço - Mafalda Veiga




Pedes-me um tempo,
para balanço de vida.
Mas eu sou de letras,
não me sei dividir.
Para mim um balanço
é mesmo balançar,
balançar até dar balanço
e sair..

Pedes-me um sonho,
para fazer de chão.
Mas eu desses não tenho,
só dos de voar.

Agarras a minha mão
com a tua mão
e prendes-me a dizer
que me estás a salvar.
De quê?
De viver o perigo.
De quê?
De rasgar o peito.
Com o quê?
De morrer,
mas de que paixão?
De quê?
Se o que mata mais é não ver
o que a noite esconde
e não ter
nem sentir
o vento ardente
a soprar o coração...

Pedes o mundo
dentro das mãos fechadas
e o que cabe é pouco
mas é tudo o que tens.
Esqueces que às vezes,
quando falha o chão,
o salto é sem rede
e tens de abrir as mãos.

Pedes-me um sonho
para juntar os pedaços
mas nem tudo o que parte
se volta a colar.

E agarras a minha mão
com a tua mão e prendes-me
e dizes-me para te salvar.
De quê?
De viver o perigo.
De quê?
De rasgar o peito.
Com o quê?
De morrer,
mas de que paixão?
De quê?
Se o que mata mais é não ver
o que a noite esconde
e não ter
nem sentir
o vento ardente
a soprar o coração.

sábado, 20 de novembro de 2010

Acordar, Viver

Hoje sinto-me sem forças para falar pelas minhas próprias palavras...
Graças aos céus que existem outros:

Como acordar sem sofrimento?
Recomeçar sem horror?
O sono transportou-me
àquele reino onde não existe vida
e eu quedo inerte sem paixão.

Como repetir, dia seguinte após dia seguinte,
a fábula inconclusa,
suportar a semelhança das coisas ásperas
de amanhã com as coisas ásperas de hoje?

Como proteger-me das feridas
que rasga em mim o acontecimento,
qualquer acontecimento
que lembra a Terra e sua púrpura
demente?
E mais aquela ferida que me inflijo
a cada hora, algoz
do inocente que não sou?

Ninguém responde, a vida é pétrea.

Autor: Carlos Drummond de Andrade

Invasão....


Quando ela vem...

domingo, 14 de novembro de 2010

Les Mis - Om my own



Esta musica pertence ao maravilhoso musical "Les Miserables", uma belíssima prova que ainda existem coisas belas e que valem a pena ver/ouvir vezes sem conta.
Amo a parte: "A world that's full of happiness and I will never know!" e depois a forma como respira.
Apaixonante!!!

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

O passado pertençe lá, no que passou

É bem verdade que as memórias são parte vital do ser humano, é necessário recordar para aprender e para viver. O que também é verdadeiro é que o passado é apenas isso, memória.
Memórias daquilo que foi, do que poderia ter sido...
Tudo isto preenche a história da nossa vida e é normal que em certos dias a nostalgia nos invada e nos obrigue a sonhar com o que passou.
Nostalgia (sorriso), é engraçado utilizar esta palavra sendo que esta parece tão típica daqueles que já não são assim tão jovens mas, não interessa a idade todos nos sentimos nostálgicos por vezes.
Quem é que não volta no tempo por vezes e pensa: se soubesse o que sei hoje...
Todos.
Eu faria assim, daquele jeito, do outro. Ah eu saberia o que dizer e não deixaria passar o momento! Mas na verdade isso nunca é bem assim. Naquele momento não sabíamos mais e tivemos que passar por ele para hoje imaginarmos que poderia ter sido de outra forma.
Por vezes sentimos fortemente todo aquele turbilhão de sentimentos, os passados misturados com os presentes que nos levam a lugares estranhos, lugares que nem sabíamos existir dentro de nós mesmos...
Mas a vida é assim mesmo não? E todos temos a nossa quota parte de situações onde nos imaginamos a fazer tudo de outra maneira, pensando como seria se tivéssemos vivido aquela situação, aquela paixão, aquela aventura.
Enfim, arrependimentos de parte porque na verdade quando a nostalgia passa sentimos como o rumo que a nossa vida tomou nos faz felizes, ou por outro lado sentimos-nos bem porque sabemos que daqueles momentos tiramos lições que fazem de nós pessoas melhores ou que sabem aproveitar melhor a vida.
Pelo menos eu sei que sinto isso, conforta-me esse pensamento.
Temos que dar ordens à nossa cabeça, já que o coração insiste em ser dono dele próprio! (risos)

Portanto o passado é bom se soubermos pensar nele sem que o mesmo afecte o nosso presente. (embora por vezes isso se revele numa tarefa difícil de assimilar - mas não impossível)

Vivamos o presente, intensamente!