sábado, 23 de maio de 2009

Muralha da vida

Poderá uma brisa derrubar uma muralha?

Uma muralha construída tão afincadamente, à custa de tanto suor e sofrimento?

Cada pedra dessa muralha representa uma vivência, uma tristeza, um sorriso perdido no tempo...

Ergue-se imponente protegendo um interior impotente, tão vulnerável e frágil que treme só de ouvir o vento soprar lá fora.

Banhada pela luz do Sol a forte muralha esquece tudo e deixa-se viver na sua continuidade sem esperar mais guerras, mais lutas... vive a sua paz querendo esquecer as vezes que lutou contra forças maiores e quase foi derrubada. Tenta relembrar aqueles que já tentaram escalar até ao interior mas que por diversas razões acabaram por perecer no meio do caminho. Mas nada disso lhe vale, assim como não esquece as guerras tantas vezes vividas, também não consegue lembrar-se daqueles que tentaram ir mais além...
E continua esquecida naquele contentamento.
No seu interior guarda um tesouro que nunca ninguém conseguiu alcançar pela dureza da escalada, pela dificuldade à chegada...
Mas agora na calmaria da sua jornada, na sua fortaleza sete uma suave brisa que trás um perfume esquecido à força e, no intimo dos seus alicerces a muralha vê-se fraquejar.
Poderá essa brisa ser mais forte que o passar do tempo que corroeu a escada de acesso ao interior?
Ou será essa brisa capaz de penetrar onde muitos tentaram chegar sem sucesso? Mesmo sem escada de acesso.
Por enquanto continua erguida... muralha de uma vida...

Por Lígia Santos em 11 de Outubro de 2006.

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