sábado, 30 de outubro de 2010

Sonhar não doí



Quem sabe se não foi lá que eu a deixei.
Tinha tantos e eram tão grandiosos, os sonhos. Muitos deles impossíveis e eu sei mas que fazer quando a nossa mente não deixa de voar?

A minha alma sempre foi viajante, nunca teve medo de romper fronteiras e de arrebatar os mais estranhos feitos. Na minha mente já fui tantas coisas, já fui rainha, imperatriz, já liderei vikinges. Fui loira, tive amores mil e tive asas de águia.
Tive coragem para irromper tempestades em alto mar.
Fui protagonista de dramas épicos, de histórias de amor sem fim onde em nome de tão nobre sentimento obrava as maiores loucuras.
Uma imaginação sem fim de onde brotam ideias sem limite, uma mente que não consigo parar.
Quando as paredes do meu corpo se tornam fracas e se revelam pobres para conter tanto escrevo, aí os laços que me unem a este planeta desfazem-se, desnudam-se segredos sem fim.
É magico.
Agora pergunto onde foi que eu os deixei. A vida insiste em querer levar de mim toda a minha essência com a forma crua com que fustiga os portões dourados que a guardam.
Basta uma melodia para deixar fluir este rio de palavras, estas imagens que se vão juntando e formam belas historias.
Não vou permitir que a dureza dos tempos leve os meus tesouros.
Vou continuar a ser quem eu quiser, vou continuar a ter poder de mudar corações e arrebatar amores. A minha espada, os meus punhais. A cor mística da minha aura. Os meus baús cheios de segredos fictícios.
É lá que os vou esconder, naquele lugar mágico onde o vento faz dançar os sonhos.
As agruras da vida não vão amargar a doçura das minhas histórias.

Serei como Sherazade, que venceu a sede de sangue do sultão com palavras de encantar.

Sem comentários: